quinta-feira, 14 de março de 2013

O que é semântica ?


O estudo das línguas é divido em três grandes grupos : morfologia, sintaxe e semântica.

Grosso modo, podemos dizer que a morfologia analisa a forma das palavras, os morfemas. Por exemplo, em meninas, temos que a é um morfema que indica feminino e s um morfema indicativo de plural.  Já em pires, o s não é indicativo de plural e não tem um sentido em si, não sendo, portanto, um  morfema. Os verbos possuem morfemas de modo, tempo, pessoa, número e outros. Assim, em  falo, o é um  morfema que indica primeira pessoa do singular (eu) e tempo presente;  enquanto que  em falávamos, o va indica pretérito imperfeito e o mos indica primeira pessoa do plural (nós). Em belíssimo, o sufixo íssimo é um morfema que indica o grau superlativo do adjetivo. Os estudos morfológicos das línguas são bastante difundidos, ricos e complexos.

FONTE: Magritte
A sintaxe estuda a relação entre os elementos constituintes de uma estrutura (frase, oração ou período). Assim na oração “João admira o os filmes franceses ”, temos que “João” é sujeito; “admira filmes franceses” é o predicado verbal ; “admira”, o núcleo do predicado verbal“; os filmes franceses”, o objeto direto e “filmes” o núcleo do objeto. Já em “Filmes franceses são admirados por João” embora o sentido seja quase o mesmo (muda-se a ênfase dada aos elementos), há um nova relação entre os constituintes:  “Filmes franceses” é sujeito; “filmes” , núcleo do sujeito; “são admirados por João” é o predicado nominal; admirados, o núcleo do predicado nominal e “João”, agente da passiva.  .

A semântica, por sua vez, estuda o sentido, o significado das palavras e frases. O termo  Semântica foi proposto pela primeira vez em 1883 por Michel Bréal, que assim a definiu: “o estudo das leis que presidem às relações de  significado, as possíveis mudanças de sentido, à escolha das expressões  pelo falante.”
Embora Bréal tenha criado o termo, as ideias por ele defendidas não eram assim “tão novas”. As indagações acerca do significado das palavras há muito se fazem presentes do espírito humano, tendo já os antigos filósofos, como Aristóteles e Platão, se debruçado sobre os estes estudos.  Conhecido como pai da reflexão estrutural, Aristóteles, por exemplo, postulava que uma forma (por exemplo, uma palavra)  era constituída por morfé (forma física), eidos (ideia) e pela união entre morfé e eidos, que daria origem a ousia (a substância, a palavra em si).

Mais de dois mil anos após as contribuições dos grandes filósofos, o linguista francês Ferdinand de Saussure fundamenta a semântica moderna com a teoria do signo. Para ele, o signo linguístico (a palavra) é um objeto que une indissoluvelmente um significante, quer dizer, uma produção fônica (o som da palavra) com um significado, que é uma representação mental. Assim, ao ouvirmos/lermos  a palavra “ CAVALO” podemos imaginar um cavalo nobre,utilizado em competições de hipismo; um cavalo menos valioso, utilizado para transportar cargas, ou até mesmo o lendário Pégasus, mas todos essas representações apresentam traços em comum e é isso que garante o sucesso de nossa comunicação.

Assim como a sintaxe, a semântica tem nomenclaturas para definir o papel exercido pelos constituintes em uma sentença. Mas este papel liga-se ao significado das ações desenvolvidas. Por exemplo, em “O homem dá dinheiro ao menino”, temos que “o homem” é um agente (aquele que faz a ação) e “o menino”, o que chamamos de beneficiário (aquele que é beneficiado com a ação). Já em “Pedro bateu o carro”, temos “Pedro” como agente e “o carro” como paciente ( que é aquele que sofreu alguma mudança de estado). Em “Maria leu um livro”, temos “Maria” como agente e “o livro” como objeto estativo (aquele que é citado, mas que não sofre qualquer mudança física ou psicológica). Mas nem sempre o sujeito é agente da ação, como em  “O vaso foi quebrado por Pedro”, temos “o vaso” como paciente e “Pedro” como agente. Há frases em que o sujeito pode ser agente/paciente ao mesmo tempo, como em“Maria molhou-se”.

 A nomenclatura é bastante vasta e não é necessário demonstrar  todos os nomes e conceitos aqui; mas o interessante é saber se a criança consegue identificar, por exemplo,  o praticante da ação como agente e o que sofre a ação como paciente, benficiário ou estativo. Obviamente, ela não tem que conhecer a nomenclatura, apenas apontar, nos testes,  qual figura melhor corresponde ao enunciado. Assim, no teste 14 (veja os testes aqui), caso ela aponte a figura certa, está demonstrando que entende que o cachorro é o agente e a mulher, a paciente.  Isso nos dá uma boa representação sobre sua semântica, sobre como ela entende as relações no mundo.

Através dos testes, vamos investigar se as crianças são capazes de diferenciar palavras que guardam alguma proximidade entre si, de perceber as diferenças de sentido entre as sentenças, entre outros aspectos. Tais dados nos fornecem um material capaz de avaliar o conhecimento semântico dos indivíduos.



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